Ligamento Cruzado Posterior – Anatomia, Lesões e Tratamentos

O ligamento cruzado posterior (LCP) é um dos quatro ligamentos presentes na articulação do joelho. Os ligamentos são faixas de tecido elástico que ajudam a manter os ossos em posição enquanto limitam o movimento do joelho para que ele não entre em hiperextensão ou hiperflexão, ambos casos que podem causar lesões.

Dois ossos se encontram para formar a anatomia do joelho: o osso da coxa (o fêmur) e a tíbia. A rótula fica na frente da articulação para fornecer alguma proteção. Os ossos são conectados entre si pelos ligamentos, que são:

Os Ligamentos Colaterais: ambos são encontrados nas laterais do joelho – daí o nome. São divididos em ligamento colateral medial e ligamento colateral lateral e controlam os movimentos laterais do joelho, protegendo-o de movimentos incomuns.

Os Ligamentos Cruzados são encontrados dentro da articulação e se cruzam, formando um X, com o ligamento cruzado posterior atrás e o ligamento cruzado anterior na frente. Ambos controlam os movimentos que o joelho faz para frente e para trás: o LCP impede que a tíbia mova-se muito para trás, sendo mais forte que o LCA, motivo pelo qual ele é lesado com menor frequência.

Lesões

Como o LCP é mais forte e se lesiona com menor frequência, na maioria dos casos é difícil diagnosticar problemas nele. As lesões mais comuns do LCP ocorrem em conjunto com lesões em outras estruturas do joelho, como cartilagem, outros ligamentos ou ossos. As lesões neste ligamento representam menos de 20% de todas as lesões ligamentares no joelho. A lesão do LCP pode ser classificada da seguinte maneira:

Lesão Grau 1: lesão parcial ou estiramento das fibras do ligamento, apresentando uma translação posterior da tíbia inferior a 5 mm. Apesar da lesão, o ligamento é capaz de manter a estabilidade da articulação.

Entorse de Grau 2:  ruptura parcial extensa do ligamento, apresentando uma translação posterior da tíbia entre 5 e 10 mm.

Entorse de Grau 3: esse tipo de lesão é referida como ruptura total do ligamento. Ocorre translação da tíbia superior a 10 mm e comumente está associada a lesão de outros ligamentos.

As rupturas do ligamento cruzado posterior tendem a ser lacerações parciais com potencial de cicatrização espontânea e a maioria dos pacientes pode retomar suas atividades normais após algumas semanas de repouso.

A maior parte das lesões do LCP ocorre com traumas de alta energia (queda altura, acidente de moto, esporte de contato, etc.), que levam a uma das três situações específicas:

  1. Um golpe direto na frente do joelho;
  2. Lesões de hiperextensão (quando o ligamento é esticado além de sua capacidade);
  3. torções da articulação.

Esportistas, especialmente os adeptos dos chamados esportes de contato (futebol, futebol americano, vôlei), possuem consideravelmente mais riscos de romper os ligamentos, pois quedas e colisões são comuns nestes esportes. Cair em cima de um joelho dobrado por ser o suficiente para romper o ligamento, especialmente se a tíbia atingir o solo primeiro.

Os sintomas mais comuns para estes tipos de lesão são dor, seguida diretamente de inchaço no local da lesão, uma sensação de rigidez no joelho devido ao inchaço, dificuldades em caminhar, com o joelho instável e parecendo que vai ceder. Além disso, um ponto característico de lesões no LCP é a sensação e som de estalo no momento da lesão.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico para uma lesão do LCP é bastante simples e envolve exames de imagem para conferir qual o nível da lesão e elaborar o tratamento mais adequado. É comum que haja o uso combinado de raio X com outros exames de imagem, como a ressonância magnética, já que os Raios X por si só não são capazes de detectar dano aos ligamentos. Este exame é utilizado para revelar possíveis fraturas ósseas, já que pessoas que lesionam o LCP podem apresentar fissuras ósseas que precisam de tratamento.

O tratamento depende da extensão da lesão e há quanto tempo ela existe. Na maioria dos casos, a cirurgia não é necessária.

Analgésicos de venda livre podem ser prescritos para ajudar com a dor, enquanto a fisioterapia ajuda a fortalecer o joelho, melhorando sua função e estabilidade. O uso de imobilizadores ou joelheiras são necessários na fase inicial da lesão. Em casa, a recomendação é que os pacientes descansem, não usando o joelho lesado e protegendo-o de qualquer impacto. O uso de gelo é indicado para reduzir a inchaço e a inflamação, assim como a elevação do joelho.

cirurgia ocorre quando a lesão é grave, especialmente se for combinada com o rompimento de outros ligamentos, danos à cartilagem ou um osso quebrado. Episódios constantes de instabilidade do joelho também apontam para a necessidade de correção cirúrgica, que geralmente é realizada por via artroscópica, com a inserção de uma câmera e instrumentos longos  por meio de pequenas incisões ao redor do joelho. Para reconstruir um ligamento rompido é necessário substituí-lo por um novo tecido, que pode vir de um doador falecido (banco de tecido-osso) ou de um pedaço de tendão movido de outro lugar do corpo, como os isquiotibiais (posterior da coxa), tendão quadríceps e patelar.

Vale lembrar que uma lesão do LCP não tratada pode levar a casos de osteoartrite precoce no joelho.

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